Manuel Querino e a Questão Racial no Brasil Republicano
DOI:
https://doi.org/10.52641/cadcajv9i4.538Palavras-chave:
Manuel Querino, Racismo científico, Primeira RepúblicaResumo
O objetivo deste artigo é apresentar a perspectiva crítica do pensador negro Manuel Querino (1951-1926) a respeito das políticas racistas da Primeira República, destacando-a como uma contribuição relevante para os debates das últimas décadas a respeito do racismo. Para isso, faremos um esboço de concepções do racismo discutidas por Almeida (2020), Foucault (2010), Grosfoguel (2022; 2016) e Schwarcz (1993). Observaremos a contribuição de Querino, particularmente, em intervenções públicas realizadas por meio de textos reunidos em seu livro A Raça Africana e os seus Costumes (1955), nos quais denunciou o retrocesso ilustrado, científico, educacional, de um projeto republicano que repeliu os negros dos lugares de produção de conhecimento e das posições públicas de maior destaque. Querino ocupou um lugar importante no contexto político e acadêmico da Bahia, repudiando correntes de pensamento que culpavam os africanos e afro-brasileiros pelo atraso econômico e cultural do país.
Referências
AGUIAR, Pinto de. Manuel Querino e a sua Obra. In: QUERINO, Manuel Raymundo. A Raça Africana e os seus Costumes. Salvador: Livraria Progresso, 1955, p. 5-11.
ALMEIDA, Silvio Luiz de. Racismo Estrutural. São Paulo: Sueli Carneiro; Editora Jandaíra, 2020. (Feminismos Plurais).
ANDREWS, George Reid. América Afro-Latina, 1800-2000. São Carlos: EdUFSCar, 2014.
Borges da Silva, C. R., & Santos Filho, A. F. dos. (2023). Foucault e Mbembe: biopoder, necropolítica e etnia. Cadernos Cajuína, 8(2), e238229. https://doi.org/10.52641/cadcajv8i2.107
CONT, Valdeir Del. Francis Galton: eugenia e hereditariedade. Scientiæ zudia, São Paulo, v. 6, n. 2, p. 201-18, 2008.
FERRETTI, Sergio F. Nina Rodrigues e a Religião dos Orixás. In: Gaz. méd. Bahia 2006;76: Suplemento 2: S54-S59, p. 55. Disponível em: < https://abrir.link/t3dfr> Acesso em: 10/04/2023.
FREIRE, A. M. A. Analfabetismo no Brasil: da ideologia da interdição do corpo à ideologia nacionalista, ou de como deixar sem ler e escrever desde as Catarinas (Paraguaçu), Filipinas, Madalenas, Anas, Genebras, Apolônias e Grácias até os Severinos. São Paulo: Cortez: Brasília, DF: INEP, 1989. (Biblioteca da educação. Série 1. Escola. Volume 4)
FOUCAULT, Michel. Em Defesa da Sociedade: curso do Collège de France (1975-1976). 2ª ed. São Paulo: WMF Martins Fontes, 2010. (Coleção obras de Michel Foucault).
GLEDHILL, Sabrina (org). (Re)apresentando Manuel Querino 1851/1923: um pioneiro afro-brasileiro nos tempos do racismo científico. Salvador: SAGGA, 2021.
GLEDHILL, Sabrina. Travessias no Atlântico Negro: reflexões sobre Booker T. Washington e Manuel R. Querino. Salvador: EDUFBA, 2020.
GROSFOGUEL, Ramón. El concepto de racismo en Michel Foucault y Frantz Fanon. ¿Teorizar desde la zona del ser o desde la zona del no-ser? In: De la sociologia de la descolonización al nuevo anti-imperialismo decolonial. Ciudad de México: AKAL, 2022, p. 183-214.
GROSFOGUEL, Ramón. A Estrutura do Conhecimento nas Universidades Oci¬dentalizadas: Racismo/Sexismo Epistêmico e os Quatro Genocídios/Epistemicídios do Longo Século XVI. Revista Sociedade e Estado, vol. 31, no. 1, 2016, p. 25-49.
LACERDA, João Baptista de. Sur le métis au Brésil. In: Premier Congrès Universel des Races: 26-29 juillet 1911. Paris: Devouge, 1911.
LEAL, Maria das Graças de Andrade. Manuel Querino entre letras e lutas - Bahia (1851-1923). São Paulo: Annablume, 2009.
MORGAN, Lewis Henry. Ancient society or researches in the line of human progress from savagery through barbarism to civilization. K. P. Bagchi & company. Calcutta – New Delhi. First published in1877. 1982.
MOURA, Clóvis. Dialética Radical do Brasil Negro. São Paulo: Anita, 1994.
QUERINO, Manuel Raymundo. As Artes na Bahia: escorço de uma contribuição histórica. 2. ed. Bahia: Oficinas do Diário da Bahia, 1913.
QUERINO, Manuel Raymundo. A Raça Africana e os seus Costumes. Salvador: Livraria Progresso, 1955.
SANTOS FILHO, Adão Ferreira dos. Biopoder, Necropolítica e Racismo Estrutural: uma análise da questão racial na Primeira República. Dissertação (Mestrado em Letras) – Universidade Estadual do Sudoeste da Bahia, Vitória da Conquista, 2023. Disponível em: <http://www2.uesb.br/ppg/ppgcel/wp-content/uploads/2023/06/DISSERTACAO-Adao-Ferreira-dos-Santos-Filho.docx.pdf>.
SANTOS, Boaventura Sousa. Entre Próspero e Caliban: colonialismo, pós-colonialismo e interidentidade. Novos Estudos, CEBRAP, São Paulo, nº 66, julho, 2003, p. 23-52.
SANTOS, Flávio Gonçalves dos. Os discursos intelectuais afro-brasileiros num contexto de disputa racial na Bahia - 1889/1937. Seara (Salvador. Online), v. 01, p. 01-19, 2008. Disponível em: <http://www.seara.uneb.br/sumario/professores/flaviogoncalves.pdf>. Acesso em: 28/03/2023
SCHWARCZ, Lilia Moritz. Questão racial e etnicidade. In: MICELI, Sérgio (org.). O que ler na ciência social brasileira (1970-1995). V. 1. Antropologia. São Paulo: Anpocs, 1999.
SCHWARCZ, Lilia Moritz. O Espetáculo das Raças: cientistas, instituições e questão racial no Brasil – 1870-1930. São Paulo: Companhia das Letras, 1993.
SILVA, Aldo José Morais. Instituto Geográfico e Histórico da Bahia: origem e estratégias de consolidação institucional (1894-1930). Tese (Doutorado em História) – Universidade Federal da Bahia, Salvador, 2006.
SPENCER, Herbert. The Principles of Sociology. Williams and Norgate, 1877.
STEPAN, Nancy Leys. Eugenia no Brasil, 1917 – 1940. In: HOCHMAN, Gilberto (org.). Cuidar, controlar, curar: ensaios históricos sobre saúde e doença na América Latina e Caribe. Rio de Janeiro: Editora Fiocruz, 2004, p. 330-391. (Coleção História e Saúde).
VIEIRA, Antônio. Sermão XIV do Rosário: Os três filhos de Maria. In:______. Sermões: Padre Antônio Vieira (vol. 2). Organização e introdução de Alcir Pécora. São Paulo, Hedra, 2000, p. 635-658.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2024 CC-BY-NC-ND
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Informações:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
- Nenhuma taxa ou contribuição será solicitada aos autores. A revista não cobra nenhum tipo de valor nem a seus autores, nem a seus leitores. Nossa política é de incentivo ao compartilhamento público e livre do conhecimento.
