ANIMAIS VIVOS, FEIRA LIVRE
Live animals, free fair
DOI:
https://doi.org/10.52641/cadcajv7i1.262Resumo
RESUMO: Neste artigo, trato de debater, a partir de uma inspiração etnográfica oriunda de uma visita a um setor de animais vivos de uma grande feira livre baiana, a Feira de São Joaquim (anteriormente chamada de Feira de Água de Meninos), aspectos relacionados às epistemologias ecológicas, à TAR (teoria do ator-rede), a agência dos objetos, relações humano-animal, mercados úmidos, biossegurança e sacrifício animal. Adoto a premissa de Latour (1999) de que a ação não é propriedade, exclusivamente, de humanos, mas de uma associação de atuantes. Tendo considerado previamente também o poder de agência dos objetos, conforme Gell (1998), proponho voltar as atenções, desta vez, aos animais não-humanos, mais do que aos objetos, ainda de uma perspectiva da indissociabilidade entre conhecimento e percepção/ experiência, constatada através da imersão na matéria e no mundo/ engajamento contínuo no ambiente. A discussão está articulada a diversos referenciais bibliográficos, mas a condução do raciocínio está pautada em diálogos com alguns argumentos e exemplos apresentados pelo autor Caetano Sordi em seus artigos.
Palavras-Chave: biossegurança, epistemologias ecológicas, relações humano-animal.
ABSTRACT: In this article, I try to debate, from an ethnographic inspiration coming from a visit to a live animal sector of a large free fair in Bahia, the Feira de São Joaquim (previously called Feira de Água de Meninos), aspects related to epistemology ecological, to TAR (actor- network theory), the agency of objects, human-animal relationships, wet marks, biosafety and animal sacrifice. I adopt Latour's (1999) premise that action is not the property of humans, but of an association of actors. Also considering the power of agency of objects, as Gell (1998), in a previous moment, I propose to turn attention, this time, to non-human animals, more than to objects, still from a perspective of the inseparability between knowledge and perception/ experience, verified through the immersion in the matter and in the world, of the continuous engagement in the environment. The discussion is linked to several bibliographic references, but the reasoning is based on debates with the arguments presented by the author Caetano Sordi in some of his articles.
Keywords: biosecurity, ecological epistemologies, human-animal relationships.
Referências
uma perspectiva cultural. APPADURAI, Arjun (org.). Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense. 2008 [1986].
BECKER, Howard. Problemas de Inferência e Prova na Observação Participante. In: Métodos de pesquisa em Ciências Sociais. Cap. 2 São Paulo: Hucitec, 1994.
GELL, Alfred. Definição do problema: a necessidade de uma antropologia da arte. In: Art and agency. Oxford: Clarendon Press, 1998.
GEERTZ, Cliford. Arte como sistema cultural. In: ____ O saber local: novos ensaios de antropologia interpretativa. 12 ed. Petrópolis, RJ: Vozes, 2012 (col. antropologia).
____ Uma descrição densa: por uma teoria interpretativa da cultura. A interpretação das culturas. Rio de Janeiro: Guanabara, 1989.
INGOLD, Trazendo as coisas de volta à vida: emaranhados criativos num mundo de materiais. In: Horizontes Antropológicos, ano 18, n. 37, p. 25-44. Jan./jun.. Porto Alegre, 2012.
____ Estar Vivo: ensaios sobre movimento, conhecimento e descrição. Tradução de Fábio Creder. Petrópolis, RJ: Vozes, 2015. – Col. Antropologia.
KOPYTOFF, Igor. A biografia cultural das coisas: a mercantilização como processo. In: A vida social das coisas. As mercadorias sob uma perspectiva cultural. APPADURAI, Arjun (org.). Niterói: Editora da Universidade Federal Fluminense. 2008 [1986].
LATOUR, Bruno. Jamais Fomos Modernos: ensaio de sociologia simétrica. Tradução de Carlos Irineu da Costa. Rio de Janeiro: 34, 1994 [1991].
____ A esperança de pandora: ensaios sobre a realidade dos estudos científicos. Tradução de Gilson César Cardoso de Souza. Bauru, SP: Edusc, 2001.
____ Reagragando o social: uma introdução à teoria do ator-rede. Tradução de Gilson César Cardoso de Souza. Salvador: Edufba, 2012.
____ Onde aterrar? como se orientar politicamente no Antropoceno. Rio de Janeiro: Bazar Tempo, 2020.
LEWGOY, Bernardo; SORDI, Caetano. "O que pode um príon? O caso atípico de Vaca Louca no Brasil e seus desdobramentos. Anthropológicas, v. 24, n. 1, 2013, pp. 125-143.
SEGATA, Jean; MASTRANGELO, Andrea. As biosseguranças e suas antropologias. Horizontes Antropológicos, n. 57, p. 7-25, 2020.
SORDI, Caetano. ´Mobilização e predação: a guerra contra espécies invasoras sob duas perspectivas”. Horizontes Antropológicos, v. 26, n. 57, 2020. pp. 207-237.
SORDI, Caetano. “Bicho bandido: wild boars, biological invasions and landscape transformations on the Brazilian–Uruguayan border (Pampas region)”. Social Anthropology/Anthropologie Sociale, 28, 3, 2020. pp. 614-628.
SORDI, Caetano. “Criação animal, ideologia zootécnica e contrato domesticatório”. In: Luciano Félix Florit; Carlos Alberto Ciocce Sampaio; Arlindo Philippi Jr. (org.). Ética Socioambiental. Barueri: Manole, 2019. pp. 306-328.
STEIL, Carlos; CARVALHO, Isabel Cristina de Moura. Epistemologias ecológicas: delimitando um conceito. Rev. Mana, v. 20, n.1, p. 163-183. 2014.
TSING, Anna. "The Global Situation". In: Jonathan Xavier Inda & Renato Rosaldo (eds). The Anthropology of Globalization. Malden, Blackwell, 2004, p. 453-485.
WOLF, Meike. Is there really such a thing as “One Health”? Thinking about a more than human world from the perspective of cultural anthropology. Social Science & Medicine, v. 129, p. 5-11, 2015.
FILMOGRAFIA
A Grande Feira. Roberto Pires, 1961.
Água de Meninos: a Feira do Cinema Novo. Fabíola Aquino, 2012.
Arquiteturas: Feira de São Joaquim, Bahia. Paulo Markun; Sergio Roinzenblit, 2015.
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fEp6p5zRKm0
Expedição Brasil Gastronômico 2013 - Feira de São Joaquim-Bahia. Rusty Marcellini, 2013. Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=fNPXIhjd040
Les maître fous. Jean Rouch, 1955.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 CC-BY-NC-ND
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Informações:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
- Nenhuma taxa ou contribuição será solicitada aos autores. A revista não cobra nenhum tipo de valor nem a seus autores, nem a seus leitores. Nossa política é de incentivo ao compartilhamento público e livre do conhecimento.