Hans Jonas e a Fragilidade de Deus: O Elemento Teológico da Responsabilidade Ética Antropocósmica
Hans Jonas and The Fragility of God: The Theological Element in The Anthropocosmic Ethical Responsibility
DOI:
https://doi.org/10.52641/cadcajv2i1.440Palavras-chave:
Responsabilidade, ecoteologia, gnosticismo DeusResumo
RESUMO: O presente trabalho tem como objetivo central caracterizar a ideia de responsabilidade ecoteológica como sentido ético da obra jonasiana. Para tanto, é preciso, antes de tudo, assinalar o horizonte hermenêutico da ética de Jonas. Tal horizonte, como entendemos,não é outro senão aquele que emerge da ruptura radical com os dualismos metafísicos da tradição filosófica. Como se pode perceber, Jonas rompe com os dualismos metafísicos por meio de uma crítica radical da cosmovisão gnóstica de mundo, cosmovisão essa que, segundo ele, se reatualiza no pensamento moderno, seja em Pascal ou mesmo em Heidegger e Sartre. Após sua crítica ao gnosticismo, entendido como um modo específico de compreensão de mundo, Jonas interessa-se por promover uma filosofia da biologia que permita a realização de uma virada ética de seu pensamento. Nesse sentido, por causa de sua relação com o pensamento biológico, a ética jonasiana repensa a ética de modo cosmocêntrico, ressignificando a responsabilidade humana para além das relações interpessoais e da promoção de deveres que não se interessam pelo futuro da natureza como um todo. Justamente esse caráter cosmocêntrico da responsabilidade humana descerra o horizonte de inteligibilidade da questão de Deus. Conivente com sua crítica ao gnosticismo, o pensamento teológico jonasiano inscreve Deus no destino do impulso evolutivo da natureza. Por esse motivo, Deus se faz finito em cada ser natural e, no homem, experimenta o caráter decisivo da liberdade humana, estando susceptível ao bem e ao mal morais. Ora, a imanentização de Deus no curso evolutivo do cosmos passa a responsabilizar a liberdade humana pelo destino de Deus, que se decide no interior do curso da natureza. Isso funda, consequentemente, uma responsabilidade ecoteológica, critério de avaliação da eticidade dos comportamentos humanos.
PALAVRAS-CHAVE: Responsabilidade; ecoteologia; gnosticismo Deus.
Referências
BAZÁN, Francisco García. Aspectos incomuns do sagrado. São Paulo: Paulus, 2005.
_______. Gnosis: laesenciadel dualismo gnostico. Buenos Aires: Castañeda, 1978. BIBLIA DE JERUSALEM. São Paulo: Paulus, 2002.
BRILL, E.J. (Org.) The NagHammadi Library in English. Leiden: The Netherlands, 1996.
BULTMANN, Rudolf. Teologia do Novo Testamento. Santo André: Academia Cristã, 2008.
___________. Le christianisme primitif dans le cadre des religions antiques. Paris: Petite Bibliotèque Payot, 1969.
___________. Demitologização: Coletânea de ensaios. São Leopoldo: Sinodal, 1999.
CABRAL, Alexandre Marques. Niilismo e hierofania: uma abordagem a partir do confornto entre Nietzsche, Heidegger e a tradição cristã. Vol. 1. Nietzsche, cristianismo e o Deus não-cristão. Rio de Janeiro: Mauad X/Faperj, 2014.
_______.“Hans Jonas, gnosticismo e a questão de Deus: entre redenção da natureza e compromisso ético”. Revista Numen. v 18, n 1, (2015)
CHURTON, Tobias. Los gnósticos: latradición oculta. Madrid: Edaf, 1988.
CULDAUT, Francine. El nascimientodel Cristianismo y el gnosticismo: propuestas. Madrid: Akal, 1996.
FIORILLO, Marília. O Deus exilado: uma breve história de uma heresia. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2008.
HEIDEGGER, Martin. Marcas do caminho. Petrópolis: Vozes, 2008.
___________. Sein und Zeit. Tübingen: Max Niemeyer, 2006.
HESCHEL, Abraham. Los profetas: el hombre y su vocación. Buenus Aires: Paidos, s/d.
JONAS, Hans. O princípio vida. Petrópolis: Vozes, 2004.
______. Matéria, espírito e criação. Petrópolis: Vozes, 2010.
______. Pensar sobre Dios y otros ensayos. Barcelona: Herder, 1998.
______. La religión gnóstica: El mensaje del Dios Extraño y los comienzos del cristianismo. Madrid: Siruela, 2000.
______. O princípio responsabilidade. Rio de Janeiro: Contraponto, 2006.
______. Gnosis und spätantiker Geist. I: Die mythologische Gnosis MIT einer Einleitung zur Geschichteund Mithologie der Forschung.Göttingen: Vandenhoeck&Ruprecht, 1964.
LÉVINAS, Emmanuel. Difficile Liberté: Essais sur le Judaisme. Paris: Albin Michel, 1963.
MOLTMANN, Jürgen. O Deus crucificado. Santo André: Academia Cristã, 2014.
NIETZSCHE, Friedrich. Sämtliche Werke. Kritische Studienausgabe. Edição organizada por Giorgio Colli e MazzinoMontinari. 15 Vols. Berlim: Walter de Gruyter, 1967-1978.
_________. A gaia ciência. Trad. de Paulo César de Souza. São Paulo: Companhia das Letras, 2002.
PASCAL, Blaise. Pensamentos. São Paulo: Martins Fontes, 2005.
PUECH, Henri Charles. Enquête de la Gnose. Paris: Gallimard, 1978. Vol. I: La Gnose et letemps.
RICOEUR, Paul. A região dos filósofos. São Paulo: Loyola, 1996.
SCHOLEM, Gershon. Conceptos básicos del judaísmo: Dios, Creación, Revelación, Tradición, Salvación. Madrid: Trotta, 2008.
_________. A mística judaica. São Paulo: Perspectiva, 1972.
Downloads
Publicado
Como Citar
Edição
Seção
Licença
Copyright (c) 2022 CC-BY-NC-ND
Este trabalho está licenciado sob uma licença Creative Commons Attribution-NonCommercial-NoDerivatives 4.0 International License.
Informações:
- Autores mantém os direitos autorais e concedem à revista o direito de primeira publicação, com o trabalho simultaneamente licenciado sob a Creative Commons Attribution License que permite o compartilhamento do trabalho com reconhecimento da autoria do trabalho e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm autorização para assumir contratos adicionais separadamente, para distribuição não-exclusiva da versão do trabalho publicada nesta revista (ex.: publicar em repositório institucional ou como capítulo de livro), com reconhecimento de autoria e publicação inicial nesta revista.
- Autores têm permissão e são estimulados a publicar e distribuir seu trabalho online (ex.: em repositórios institucionais ou na sua página pessoal) a qualquer ponto antes ou durante o processo editorial, já que isso pode gerar alterações produtivas, bem como aumentar o impacto e a citação do trabalho publicado.
- Nenhuma taxa ou contribuição será solicitada aos autores. A revista não cobra nenhum tipo de valor nem a seus autores, nem a seus leitores. Nossa política é de incentivo ao compartilhamento público e livre do conhecimento.