Mortalidade de Mulheres por Arma de Fogo no Brasil: Análise Temporal (2010-2019)

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52641/cadcajv9i4.584

Palavras-chave:

Assassinato Feminino, Violência de Gênero, Distribuição Temporal, Brasil, Violência com Arma de Fogo

Resumo

Introdução: O Feminicídio é caracterizado como o assassinato de mulheres decorrentes da desigualdade de gênero. No Brasil, esses crimes são praticados principalmente em locais com maiores índices de pobreza, com maior ocorrência entre as mulheres jovens, pardas, solteiras, de menor escolaridade e baixa renda, sendo executados preferencialmente através da arma de fogo. Objetivo: Analisar a tendência temporal da mortalidade de mulher por arma de fogo e indicadores socioeconômicos no Brasil, 2010 a 2019. Metodologia: Estudo ecológico de tendência temporal, baseado em dados secundários do Sistema de Informações sobre Mortalidade e do Programa das Nações Unidas para o Desenvolvimento. Resultados: Considerou-se como variável desfecho a taxa de mortalidade por disparo de arma de fogo em mulheres na faixa etária de 15 a 49 anos de idade. Ocorreram 2.022 desses óbitos no Brasil, de 2010 a 2019, resultando em uma taxa média de 0,36 óbitos/100.000 mulheres. Nesse período houve uma tendência de redução nessas mortalidades a partir de 2017 (APC= -11.8% IC95% -44.2; 39.5), porém sem significância estatística. A exceção da região Centro-Oeste que teve redução de significância estatística de 2010 a 2014 (APC = -41.9*% IC95% -64.7; -4,3). A região Norte obteve resultado contrário, com uma elevação de significância estatística a partir de 2013 (APC= 23,5* IC95% 0.4; 51.9), com maior ocorrência entre mulheres pardas (49,85%), solteiras (65,52%) e de menor escolaridade (28,43%). Conclusão: A redução do feminicídio no país ainda é muito aquém do desejado, especialmente nas populações mais desfavoráveis social e economicamente como é o caso da região Norte.

Biografia do Autor

Albenize de Azevedo Soares, UFRN

Enfermeira graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN). Mestra em Saúde Coletiva pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (PPGSACOL/UFRN). E-mail: [email protected]

Daianne Gomes dos Ramos, UFRN

Graduanda de enfermagem na Faculdade de Ciências da Saúde do Trairí da Universidade Federal do Rio Grande do Norte. E-mail: [email protected]

Héllyda de Souza Bezerra

Enfermeira graduada pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte. Especialista em Enfermagem do trabalho pela CFAZ cursos, Especialista em Gestão do Trabalho e na Educação em Saúde pela UFRN, Mestra pelo Programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva da UFRN. Doutora pelo programa de Pós-graduação em Saúde Coletiva pela UFRN. Enfermeira assistencialista pelo Estado do Rio grande do Norte (SESAP) e da secretaria de saúde do município de Natal/RN. E-mail: [email protected]

Janmilli da Costa Dantas Santiago, UFRN

Doutorado pelo Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva (UFRN), Mestrado em Enfermagem pela UFRN, Especialização em Enfermagem Obstétrica pela Faculdades Integradas de Patos e Graduação em Enfermagem e Obstetricia e Licenciatura em Enfermagem pela UFRN, E-mail: [email protected]

Leilane Victoria Dantas e Silva, UFRN

Graduanda em enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte/Faculdade de Ciências da Saúde do Trairi (UFRN/FACISA). E-mail: [email protected]

Rafaela Carolini de Oliveira Távora, UFRN

Enfermeira. Docente UFRN-FACISA Adjunto I, docente do Programa de Pós-Graduação em Saúde Coletiva/FACISA. Doutora em Enfermagem (UFC), mestre em Cuidados Clínicos em Saúde em Enfermagem (UECE), Especialista em Enfermagem Clínica (UECE), Saúde da Pessoa Idosa (UFC) e Gestão de Serviços de Saúde (ESP). E-mail: [email protected]

Cristiane da Silva Ramos Marinho, UFRN

Possui graduação em Enfermagem e Obstetrícia e Licenciatura em Enfermagem pela Universidade Federal do Rio Grande do Norte (UFRN) e em Tecnologia em Informática pelo Centro Federal de Educação Tecnológica do Rio Grande do Norte (CEFET-RN), Mestrado em Enfermagem, Doutorado em Saúde Coletiva e Especialização em Informática na Saúde. E-mail: [email protected]

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Publicado

2024-08-22

Como Citar

Soares, A. de A., Ramos, D. G. dos, Bezerra, H. de S., Santiago, J. da C. D., Silva, L. V. D. e, Távora, R. C. de O., & Marinho, C. da S. R. (2024). Mortalidade de Mulheres por Arma de Fogo no Brasil: Análise Temporal (2010-2019). Cadernos Cajuína, 9(4), e249434. https://doi.org/10.52641/cadcajv9i4.584

Edição

Seção

Artigos Interdisciplinares