A LAICIDADE NO BRASIL A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL

DESAFIOS PARA A CONSTITUIÇÃO DOS PROCESSOS EDUCATIVOS COM VISTAS AO RESPEITO A DIVERSIDADE DA IDENTIDADE DO SER HUMANO.

Autores

DOI:

https://doi.org/10.52641/cadcajv8i2.122

Palavras-chave:

Laicidade;Decolonialidade;Filosofia; Africanidade

Resumo

A nação brasileira é formada pela diversidade de identidades, sejam essas culturais, étnicas, gênero, religiosa e afins que constituem o ser humano. Dentro dessa premissa, os movimentos coletivos e a participação efetiva dos (as) legisladores(as), culminaram no texto constitucional brasileiro de 1988 que ratificou a laicidade como característica fundante do Estado Brasileiro. Nesse sentido, a Lei de Diretrizes e Base da Educação Nacional nº 9394/1996 institui o ensino religioso com vistas ao respeito a diversidade cultural religiosa brasileira e nessa linha criou-se também, a Lei 10639/2003 que institui a obrigatoriedade da História da África e dos Africanos. O presente estudo propõe-se a analisar como os textos legais da Constituição de 1988, a Lei nº 9394/96 e a Lei 10.639/2003 subsidiam mecanismos práticos para a implementação de processos educativos em instituições da Educação Básica das Redes Públicas de Ensino para a efetivação de práticas educativas com vistas a diversidade da identidade étnico racial e religiosa, enfocando uma breve análise sobre essas prerrogativas em um Evento da Consciência Negra no ano de 2022 em escolas da Rede Pública de Ensino da Comunidade Remanescente de Quilombos de São Tomé, Campo Formoso-BA. A pesquisa em tela, versará na perspectiva interdisciplinar intercruzando a pesquisa qualitativa com abordagens da pesquisa participante, bibliográfica e documental. De forma preliminar, diante das análises e participação ativa nas atividades educativas desenvolvidas nesse evento específico e as legislações observou-se que dentro de no contexto de uma comunidade negra, quilombola e campesina não há valorização da diversidade das identidades étnico racial, as culturas e práticas advindas da diáspora africana e de forma peculiar constatou-se ainda, a ocupação do território, da cultura e das identidades pelas Igrejas Cristãs Pentecostais, inclusive  dentro dos espaços das instituições educativas dessa comunidade. Desse modo, a laicidade normatizada pelos dispositivos legais, nessa comunidade não é efetivada e há um firme projeto transnacional religioso de apagamento, aculturação e (in) visibilidade das religiões de matrizes africanas e das culturas ancestrais africanas nessa comunidade quilombola brasileira pesquisada.

Biografia do Autor

Anna Christina Freire Barbosa, UNEB

Licenciada em Ciências Sociais, Especialista em Políticas Públicas e Gestão de Serviços Sociais pela UFPE, Mestre em Economia pela UFC, Mestre em Sociologia pela UFPE, Doutora em Ciências Sociais pela UFRN, atua como Professora Adjunta na Universidade do Estado da Bahia e na Faculdade de Ciências Aplicadas e Sociais de Petrolina/PE. Professora do Programa de Pós-Graduação em Agroecologia e Desenvolvimento Territorial (PPGADT); Professora do Programa de Pós-Graduação em Ecologia Humana e Gestão Socio Ambiental(PPGECOH). Líder do grupo de pesquisa Direito e Sociedade, está vinculada a linha de pesquisa ?Desigualdades sociais e contextos de produção de direitos?.Membro do Comitê de Iniciação Científica da Universidade do Estado da Bahia (UNEB) No momento desenvolve pesquisas nas áreas de Cultura, Desenvolvimento Econômico, Estudos de Gênero e Sociologia Jurídica. Tem interesse em Teoria Sociológica e Sociologia da Arte. 

André Ricardo Santos Dias Pinto, IFSertãoPE

Possui Doutorado em Filosofia pelo Programa Integrado de Doutorado em Filosofia UFPB-UFPE-UFRN (2019) com estágio na Università di Padova (Itália). Mestrado em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (2012), bacharelado e licenciatura plena em Filosofia pela Universidade Federal da Paraíba (2011). Professor de Filosofia junto ao Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia do Sertão Pernambucano - IFSertãoPE. Docente permanente do Mestrado Profissional em Filosofia (PROF-FILO / UFPR) no núcleo IFSertãoPE. Tem experiência na área de Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: Filosofia prática, História da filosofia, Filosofia da educação e Ensino de filosofia, com ênfase em temáticas relacionadas a Educação, Política e Teoria Crítica.

José Aldo Araújo de Camurça Neto, IFSertãoPE

Possui graduação em Filosofia - Licenciatura e Bacharelado - pela Universidade Federal do Ceará (2008). Mestre (2011) e Doutor (2017) pelo programa de Pós-Graduação em Filosofia, área de ética e filosofia política, pela Universidade Federal do Ceará (UFC). Professor do ensino básico, técnico e tecnológico do Instituto Federal do Sertão Pernambucano (IFSertãoPE), trabalhando no campus de Serra Talhada, Docente Permanente em dois programas de Pós-graduação: 1) Mestrado Profissional em Educação Profissional e Tecnológica (PROF-EPT), campus Salgueiro, e 2) Mestrado Profissional em Filosofia (PROF-FILO), campus Petrolina zona rural. Tem experiência nas áreas de Ética, Filosofia do Direito, Filosofia Política e História da Filosofia, atuando principalmente nos seguintes temas: Ensino de Filosofia, Idealismo Alemão, Filosofia Contemporânea, Filosofia Política, Filosofia Moderna e Teoria do Conhecimento

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Publicado

2023-07-14

Como Citar

Souza Martins, R. de C., Freire Barbosa, A. C., Santos Dias Pinto, A. R., & Araújo de Camurça Neto, J. A. (2023). A LAICIDADE NO BRASIL A PARTIR DA CONSTITUIÇÃO DE 1988 E A EDUCAÇÃO ÉTNICO RACIAL: DESAFIOS PARA A CONSTITUIÇÃO DOS PROCESSOS EDUCATIVOS COM VISTAS AO RESPEITO A DIVERSIDADE DA IDENTIDADE DO SER HUMANO. Cadernos Cajuína, 8(2), e238213. https://doi.org/10.52641/cadcajv8i2.122

Edição

Seção

Seminário de Pós-Graduação do IFSertãoPE