PENSAMENTO, MEMÓRIA E MORALIDADE EM HANNAH ARENDT:

Do desafio de compreender o que acontece à exigência de assumir um lugar no mundo

Autores

  • Evandro F. Costa IFPE

DOI:

https://doi.org/10.52641/cadcajv8i2.161

Palavras-chave:

Pensamento, Memória, Moralidade

Resumo

A imbricação entre a atividade de pensar e o exercício do rememorar coloca-se como pano de fundo de uma obra comprometida com a articulação de uma perspectiva ético-política da responsabilidade pelo mundo. É desde esse horizonte que Hannah Arendt conceberá o pensar como a atividade que busca compreender o que acontece e o rememorar como o modo humano de deitar raízes e de cada um assumir o seu lugar no mundo comum. Nessa perspectiva compreensiva, caracteriza-se a atividade espiritual do pensar, contrapondo-se, com Kant, à confusa e problemática visão que almeja tornar útil o pensamento no mundo da vida prática; destacando, com a metáfora do expectador pitagórico, a questão fundamental da primazia da aparência, que permite divisar o desafio maior da atividade de pensar; e, realçando, com a emblemática figura de Sócrates, a importância de se refletir sobre os perigos implicados em tal atividade. Desemboca-se, nessa trajetória, na abordagem da relação entre pensamento, memória e moralidade, que é um dos modos de entrelaçar singularidade e responsabilidade na obra A vida do espírito.

Referências

ADEODATO, J. M. L. O problema da legitimidade. No rastro do pensamento de Hannah Arendt. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 1989.

AGUIAR, O. A. O espectador como metáfora do filosofar em Hannah Arendt. In: CORREIA, A. (Coord.). Transpondo o abismo. Hannah Arendt entre a filosofia e a política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002. p. 79-99.

ALMEIDA, V. S. Educação em Hannah Arendt. Entre o mundo deserto e o amor ao mundo. São Paulo: Cortez, 2011.

ARAÚJO, L. C. A faculdade do pensar e o espectador arendtiano: desdobramentos de A condição humana. In: CORREIA, A. (Org.). Hannah Arendt e A condição Humana. Salvador: Quarteto, 2006. p. 285-302.

ARENDT, H. A crise na cultura: sua importância social e política. In: ______. Entre o passado e o futuro. Tradução de Mauro W. Barbosa. 8. ed. São Paulo: Perspectiva, 2016a. p. 248-281.

______. A vida do espírito. Tradução de Cesar Augusto de Almeida; Antônio Abranches; Helena Martins. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2009.

______. Desobediência civil. In: ______. Crises da República. Tradução de José Volkmann. 3. ed. São Paulo: Perspectiva, 2015. p. 49-90.

______. Eichmann em Jerusalém. Um relato sobre a banalidade do mal. Tradução de José Rubens Siqueira. São Paulo: Companhia das Letras, 2013.

______. Filosofia e política. In: ______. A dignidade da política: ensaios e conferências. Tradução de Helena Martins e outros. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1993. p. 91-115.

______. Hannah Arendt on Hannah Arendt. In: ______. Thinking without a banister. Essays in Understanding, 1953-1975. New York: Schocken Books, 2018. p. 443-475.

______. Lições sobre a filosofia política de Kant. Tradução de André Duarte de Macedo. Rio de Janeiro: Relume-Dumará, 1993a.

______. Origens do Totalitarismo. Tradução de Roberto Raposo. São Paulo: Companhia das Letras, 2000.

______. Responsabilidade e Julgamento. Tradução de Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2010.

______. Sócrates. In: ______. A promessa da política. Tradução de Pedro Jorgensen Jr. 6. ed. Rio de Janeiro: DIFEL, 2016. p. 45-84.

ARISTÓTELES. Ética a Nicômacos. Tradução de Mário da Gama Kury. 3. ed. Brasília: UnB, 1992.

ASSY, B. Ética, responsabilidade e juízo em Hannah Arendt. São Paulo: Perspectiva; Instituto Norberto Bobbio, 2016.

______. “Faces privadas em espaços públicos”. Por uma ética da responsabilidade. In: ARENDT, H. Responsabilidade e julgamento. Trad. Rosaura Eichenberg. São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 31-60.

BORNHEIM, G. A. (Org.). Os filósofos pré-socráticos. 9. ed. São Paulo: Cultrix, 1993.

BRAYNER, F. H. A. O clichê: notas para uma derrota do pensamento. Por uma consciência ingênua. Educação & Realidade, Porto Alegre, v. 39, n. 2, p. 557-572, abr./jun. 2014.

CICERÓN. Tusculanas. Tradução de Antonio Lópes Fonseca. Madrid: Alianza Editorial, 2010.

CORREIA, A. O pensar e a moralidade. In: ______ (Coord.). Transpondo o abismo. Hannah Arendt entre a filosofia e a política. Rio de Janeiro: Forense Universitária, 2002. p. 139-157.

CRITELLI, D. M. Analítica do sentido. Uma aproximação e interpretação do real de orientação fenomenológica. 2. ed. São Paulo: Brasiliense, 2006.

CUSTÓDIO, C. O. Apontamentos sobre a relação entre as concepções de educação e pensamento em Hannah Arendt. In: CARVALHO, J. S. F.; CUSTÓDIO, C. O. (Orgs.). Hannah Arendt. A crise na educação e o mundo moderno. São Paulo: Intermeios; Fapesp, 2017. p. 197-210.

ECCEL, D. Hannah Arendt e o “incômodo problema do absoluto na política”. In: CONCEIÇÃO, E. M. et al. (Orgs.). Hannah Arendt. Pensamento, revolução e poder. Rio de Janeiro: Lumen Juris, 2016. p. 47-54.

FRY, K. A. Compreender Hannah Arendt. Tradução de Paulo Ferreira Valério. Petrópolis: Vozes, 2010.

HEIDEGGER, M. Qué significa pensar? Tradução de Raúl Gabás. Madrid: Editorial Trotta, 2005.

JARDIM, E. Hannah Arendt. Pensadora da crise e de um novo início. Rio de Janeiro: Civilização Brasileira, 2011.

KANT, I. Crítica da Razão Pura. Tradução de Manuela Pinto dos Santos e Alexandre Fradique Morujão. 8. ed. Lisboa: Fundação Calouste Gulbenkian, 2013.

LAÊRTIOS, D. Vidas e doutrinas dos filósofos ilustres. Tradução de Mário da Gama Kury. 2. ed. Brasília: UnB, 2008.

MUNDO, D. Pensar. In: PORCEL, B.; MARTÍN, L. (Comp.). Vocabulario Arendt. Rosario: Homo Sapiens Ediciones, 2016. p. 125-138.

OLIVEIRA, L. 10 lições sobre Hannah Arendt. 3. ed. Petrópolis: Vozes, 2013.

PLATÃO. Górgias. In: ______. Diálogos: Protágoras, Górgias, Fedão. Tradução de Carlos Alberto Nunes. 2. ed. rev. Belém: EDUFPA, 2002. p. 125-245.

______. Mênon. Tradução de Maura Iglésias. 2. ed. Rio de Janeiro: PUC-Rio; São Paulo: Loyola, 2003.

______. Sofista (ou Do ser). In: ______. Diálogos I: Teeteto, Sofista, Protágoras. Tradução de Edson Bini. Bauru: EDIPRO, 2007. p. 157-247.

______. Teeteto (ou Do conhecimento). In: ______. Diálogos I: Teeteto, Sofista, Protágoras. Tradução de Edson Bini. Bauru: EDIPRO, 2007. p. 41-156.

SÓFOCLES. Antígona. In: ______. A trilogia tebana. Tradução de Mário da Gama Kury. 8. ed. Rio de Janeiro: Jorge Zahar Ed., 1998. p. 195-251.

XENOFONTE. Livro IV. In: ______. Memoráveis. Tradução de Ana Elias Pinheiro. Coimbra: Impressa da Universidade de Coimbra, 2009. p. 225-283.

Downloads

Publicado

2023-12-20

Como Citar

Costa, E. F. (2023). PENSAMENTO, MEMÓRIA E MORALIDADE EM HANNAH ARENDT: : Do desafio de compreender o que acontece à exigência de assumir um lugar no mundo. Cadernos Cajuína, 8(2), e238235. https://doi.org/10.52641/cadcajv8i2.161

Edição

Seção

Artigos Interdisciplinares