O Ensino do Pleonasmo na Escola Básica: por uma abordagem reflexiva e interacionista no tratamento da figura de linguagem e do vício de linguagem em aulas de Língua Portuguesa
The teaching of pleonasm in the basic school: by a reflexive and interactionist approach in the treatment of the figure of language and of language addiction in classes of Portuguese Language
DOI:
https://doi.org/10.52641/cadcaj.v4i1.264Resumo
RESUMO: Este artigo apresenta uma reflexão acerca do ensino do pleonasmo na
escola básica, partindo das concepções de linguagem e de gramática, postuladas
por Travaglia (2009), sobretudo. Parte-se do fato de que, historicamente, prevaleceu
no ensino, uma concepção de gramática normativa e tradicional, que fragmenta a
língua, enquanto utilização social e também, um modelo gramatical ideal,
considerando o antagonismo do pleonasmo como figura de sintaxe ou linguagem e
sua classificação como vício de linguagem. Metodologicamente, partimos de uma
pesquisa exploratória, pela análise bibliográfica, à luz de autores como: Abaurre;
Abaurre; Pontara (2010), Bakhtin (2009), Bechara (2006), Cegalla (2008), Geraldi
(2012), Koch (2012), Martelotta (2013), Soares (1998), entre outros. Busca-se
contemplar as relações entre os conceitos de figura de linguagem e vício de
linguagem e como eles podem convergir em alguns aspectos. No caso do
pleonasmo vicioso, que, por ser considerado defeituoso por utilizar repetições
desnecessárias nas construções, vai de encontro com o conceito de pleonasmo
como figura de linguagem, visto que, nesse, também são utilizadas repetições, que
não são tidas como desnecessárias, por serem consideradas um recurso estilístico
utilizado para intensificar uma ideia, que é muito usual na literatura, também
conhecido como pleonasmo literário, enquanto o pleonasmo vicioso, que mais é
comumente utilizado na oralidade não possui essa mesma denominação, no
entanto, em última análise, eles possuem a mesma finalidade de evidenciar algo.
Diante disso, refletimos sobre a necessidade de adotarmos modelos didáticos,
partindo de uma concepção interacionista de linguagem, que pode trazer
implicações pedagógicas que melhorem processo de ensino e aprendizagem.
Palavras-chave: Ensino de Língua Portuguesa. Pleonasmo. Figura de linguagem;
Vício de linguagem. Prática pedagógica.
ABSTRACT: This article presents a reflection about the teaching of pleonasm in the
basic school, starting from the conceptions of language and grammar postulated by
Travaglia (2009), above all. It begins with the fact that, historically, a conception of
normative and traditional grammar, which fragments language as a social use and
also an ideal grammatical model, has prevailed in teaching, considering the
antagonism of pleonasm as a figure of syntax or language and classification as
language addiction. Methodologically, we start from an exploratory research, by the
bibliographical analysis, in the light of authors like: Abaurre; Abaurre; (2010), Bakhtin
(2009), Bechara (2006), Cegalla (2008), Geraldi (2012), Koch (2012), Martelotta
(2013) and Soares (1998). It is sought to contemplate the relations between the
concepts of figure of language and addiction of language and how they can converge
in some aspects. In the case of vicious pleonasm, which, because it is considered
defective by using unnecessary repetitions in the constructions, goes against the
concept of pleonasm as a figure of language, since in this, repetitions are also used,
which are not considered as unnecessary, for are considered a stylistic resource
used to intensify an idea, which is very usual in literature, also known as literary
pleonasm, while the vicious pleonasm, which is more commonly used in orality does
not have this same denomination, however, in the final analysis, they have the same
purpose of evidencing something. In light of this, we reflect on the need to adopt
didactic models, starting from an interactionist conception of language, which can
have pedagogical implications that improve teaching and learning process.
Keywords: Teaching of Portuguese Language. Pleonasm. Figure of speech;
Addiction of language. Pedagogical practice.
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